Tudo o que você precisa saber sobre sarcopenia em idosos
- Atualizado em 11.03.2020 Tempo de leitura: 9
- 12 de mar. de 2020
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A população mundial está envelhecendo. Estima-se que, de 1966 a 2025, o percentual de idosos aumentará cerca de 200% nos países em desenvolvimento. No Brasil, o aumento da população idosa segue a tendência mundial. Nos últimas 60 anos, aumentou de 4% para 9%, correspondendo a um acréscimo de 15 milhões de indivíduos. A estimativa para 2025 é de um aumento de mais de 33 milhões, tornando o Brasil o sexto país com maior percentual populacional de idosos no mundo.
Sarcopenia em idosos
Sarcopenia caracteriza- se pela perda generalizada e progressiva da força e massa muscular esquelética com envelhecimento e mesmo em indivíduos saudáveis. Com aumento da população idosa neste ritmo acelerado em todo mundo, torna-se necessário o maior entendimento dos fenômenos associados ao processo do envelhecimento. Portanto, descrever a frequência da distribuição, seu quadro clínico, etiopatogenia e tratamento é fundamental para promover assistência à saúde direcionada ao idoso.
É um dos grandes problemas saúde pública, afetando 50 milhões de pessoas em todo mundo e pode vir afetar mais de 200 milhões nos próximos 40 anos decorrente do envelhecimento da população e fatores como inatividade física desnutrição proteico calórica, distúrbios de inervação muscular, diminuição produção hormonal, aumento mediadores inflamatórios, resistência metabólica, efeito catabólico de algumas doenças que vão ganhando corpo e levam essa população não diagnosticada e não tratada à perda de massa, força e performance muscular e, por fim, a fragilidade tem como consequência perda de autonomia, quedas, fraturas, dependência, gerando custos sociais e econômicos e, por vezes morte, precoce.
Fragilidade representa uma vulnerabilidade fisiológica do idoso, resultado de deterioração da homeostase biológica e da capacidade do organismo se adaptar às novas situações de estresse que inclui perda peso recente, especialmente massa magra, fadiga, quedas frequentes, fraqueza muscular, redução velocidade de caminhada e redução atividade física.
Fatores relacionados à sarcopenia

Proteólise muscular
A sarcopenia é resultado do desequilíbrio entre degradação e síntese proteica , embora aparentemente a exata contribuição de cada um desses fatores seja variável. Alguns sistemas proteolíticos tem sido descritos como particularmente importantes na degradação muscular. Entre eles podemos citar o processo de autofagia, as proteases ativadas por cálcio coko capaina e as caspases e o sistema ubiquitina proteossomo.
Autofagia
A autofagia é um processo ancestral de sobrevivência que permite que as células se consumam em períodos de extrema privação nutricional. Esse processo ocorre com o consumo de componentes citoplasmáticos, como citosol e organelas e é lisossoma-dependente.
Durante a autofagia, vesículas da membrana plasmática, os autofagossomos formam-se em torno do citoplasma ou de organelas sequestrando o conteúdo proteico no vacúolo , após há a fusão do auto fagossomo com lisossomo e então há degradação dos produtos celulares. Um estudo in vitro mostrou a presença de autofagossomos em fibras musculares após privação de aminoácidos.
A ativação deste sistema parece ser fundamental para manter integridade da membrana celular e crescimento celular.
Fibras musculares e inervação

As fibras tipo I (aeróbicas de contração lenta) parecem ser resistentes à atrofia associada ao envelhecimento ,pelo menos até os 70 anos ,enquanto a área relativa das fibras tipo II (anaeróbias, de contração rápida) declina de 20 a 50 % com passar dos anos.
A redução do tamanho das fibras é modesta quando comparadas á redução na massa muscular, daí postular-se da concomitante redução número de fibras particularmente em relação à atrofia das fibras tipo II.
Resistência anabólica
Com a idade postula-se que haja redução ou resistência as substâncias anabólicas no musculoesquelético, o nível de testosterona e androgênicos adrenais declina com idade, principalmente após os 80 anos quando prevalência de deficiência androgênica pode ocorrer em 40 a 90% dos idosos.
No tecido muscular, os androgênicos estimulam a síntese proteica e recrutamento das células satélites às fibras musculares em atrofia.
O declínio dos estrógenos em mulheres associados à menopausa é bem conhecida e, possivelmente, os esteroides sexuais femininos exercem efeitos anabólicos sobre músculo pela conversão tissular em testosterona.
Os hormônios sexuais parecem inibir a produção IL 1 e IL 6, sugerindo que níveis reduzidos destas substâncias podem ter efeitos catabólicos indiretos sobre o músculo. A redução de GH e IGF1 também está associado a menor estímulo anabólico sobre o tecido muscular esquelético.
Metabolismo basal
Com o avançar da idade , é comum ocorrer declínio de mais de 15% do gasto metabólico basal, que acontece devido à redução de tecido magro, principalmente de células musculares metabolicamente ativo.
A redução da ingestão alimentar ,a anorexia do envelhecimento, é um fator importante no desenvolvimento e progressão da sarcopenia, principalmente quando associada a outras comorbidades.
Múltiplos mecanismos levam a ingestão alimentar reduzida no idoso ,tais como perda apetite ,redução paladar e olfato, bem como saúde oral prejudicada , saciedade precoce (relaxamento reduzido do fundo gástrico) ,aumento liberação de colicistoquinina em resposta à gordura ingerida, elevação leptina). Fatores psicossociais ,econômicos e medicamentos também podem estar envolvidos nesta fisiopatologia.
Leia também: Sarcopenia: um elo entre a nutrologia e a geriatria
Estímulos catabólicos
O aumento de estímulos catabólicos em idosos têm sido aventado como outra causa possível da redução da massa muscular. Roubenoff et al, descreveram aumento na produção citocinas pró-inflamatórias em idosos, que podem estimular a perda de aminoácidos e incrementar a quebra de proteínas das fibras musculares.
Inatividade física ou limitação funcional são fatores contributivos importantes para a sarcopenia relacionada ao envelhecimento. Homens e mulheres idosos com menor atividade física tem também menor massa muscular e maior prevalência de incapacidade física. A prática regular de exercícios, desde jovem, lentifica a perda massa muscular do idoso.
Essa perda de massa muscular está associado a incapacidade física quando comparados com aqueles com maior massa muscular bem como maior frequência uso órteses e maior frequência de quedas.
Fonte:https://pebmed.com.br/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-sarcopenia-em-idosos/
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