Qual a prevalência de depressão em pacientes com artropatias inflamatórias?
- dralexandrefisio
- 19 de fev. de 2020
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Atualizado em 24.01.2020 Tempo de leitura: 4 minutos Gustavo Balbi Clínica Médica, Colunistas, Medicina de Família, Psiquiatria, Reumatologia As artropatias inflamatórias são frequentes na população geral e os pacientes acometidos por esse grupo de doenças apresentam um maior risco de transtornos mentais, quando comparados com indivíduos saudáveis.
Estima-se que 54,4 milhões de pacientes nos EUA foram diagnosticados como portadores de artrite (incluindo osteoartrite), com projeções de aumento para 78,4 milhões até o ano de 2040.
Dentre os transtornos mentais associados, identificamos um maior nível de ansiedade e depressão, o que pode impactar nas medidas de autocuidado e de autoeficácia, dificultando o tratamento dessas artropatias.
Para melhor endereçar essa questão, o estudo aqui descrito, publicado agora em 2020, avaliou dados do 2017 Behavorial Risk Factor Surveillance System (BRFSS), um sistema americano de vigilância, de modo a estimar a prevalência de transtornos mentais e histórico de depressão em pacientes com diagnóstico de artrite, pareados por idade e por estado da união (50 estados e o Distrito de Columbia).
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Artropatias inflamatórias e transtornos mentais O BRFSS é um inquérito populacional realizado anualmente via telefone nos 50 estados e Distrito de Columbia nos EUA, que coleta informações relativas a comportamentos em saúde, acesso ao sistema de saúde e doenças/condições crônicas em pacientes acima de 18 anos não-institucionalizados.
Com relação à metodologia utilizada, os entrevistadores faziam a seguinte pergunta e prosseguiam apenas se a resposta fosse positiva: “Você já recebeu o diagnóstico (por um médico ou outro profissional de saúde) de artrite, artrite reumatoide, gota, lupus ou fibromialgia?”.
Em seguida, a avaliação de transtorno mental foi feita com esta pergunta: “Com relação a sua saúde mental, que inclui estresse, depressão e problemas emocionais, quantos dias, dentre os últimos 30 dias, você não esteve com boa saúde mental?”. A resposta foi considerada positiva quando era igual ou superior a 14 dias.
O histórico de depressão foi definido como uma resposta positiva para a seguinte pergunta: “Você já recebeu o diagnóstico de transtorno depressivo (incluindo depressão, depressão maior, distimia ou depressão menor)?”.
Para adultos com artrite, foram estimadas as taxas de prevalência (não ajustada, idade-específica e ajustada por idade) de transtorno mental e de histórico de depressão, estratificada por estado e por características sociodemográficas.
Foram entrevistados 147.288 pacientes que responderam sim à primeira pergunta (45,8% dos entrevistados aceitaram participar, variando de 30,6% no Illinois a 64,1% no Wyoming).
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Resultados A taxa de prevalência geral de transtornos mentais e histórico de depressão em pacientes com artrite foi de 19% (IC95% 18,6-19,5) e 32,1% (IC95% 31,5-32,6), respectivamente. Quando ajustada pela idade, a prevalência de transtornos mentais foi maior nas mulheres (19,9 vs. 14,6%), homossexuais/bissexuais (28 vs. 16,8%) e em pacientes com baixa escolaridade; a prevalência de histórico de depressão também foi maior nas mulheres (36,3 vs. 24%) e nos homossexuais/bissexuais (46,7 vs. 30,5%) e variou conforme etnia e nível educacional.
Quando estratificada por estado, a taxa de transtornos mentais foi maior nos estados Apalaches e sulistas; não foi observada distribuição semelhante para histórico de depressão. O estado do Havaí apresentou menores taxas de transtornos mentais (12,9%) e de histórico de depressão (17,7%); Kentucky apresentou as maiores taxas de transtornos mentais (22,4%) e Oklahoma a maiores taxas de histórico de depressão (36,6%).
Esse estudo demonstrou, mais uma vez, que pacientes com dor musculoesquelética crônica apresentam uma grande prevalência de transtornos mentais e histórico de depressão. Diversos pontos merecem destaque com relação a essa associação, uma vez que a presença do estresse psíquico impacta diretamente a qualidade de vida, funcionalidade e adesão terapêutica desses pacientes.
Dessa maneira, estratégias de rastreamento dessas condições em pacientes portadores de dor musculoesquelética crônica são imperativas para que possamos oferecer um melhor cuidado para esses subgrupo de pacientes.
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